O avanço tecnológico cada vez mais possibilita novas invenções e possibilidades, e consequentemente exige mais profissionais capacitados para acompanhar esse desenvolvimento industrial e nacional como um todo. Profissões nunca imaginadas há 10 anos hoje são top na lista das melhor remuneradas, como desenvolvedor de jogos digitais, analista de redes sociais e desenvolvedor de aplicativos web, engenheiro ambiental, sem contar profissões relacionadas as novas energias como eólicas, biocombustível, bem como as relativas a novas tecnologias de perfuração de petróleo. Sem contar a demanda por mão de obra que o governo brasileiro tem tentado suprir na área de tecnologia nuclear e indústria aeronáutica, cujo know-how nosso país espera captar dos países já experientes nesses segmentos.

E essas demandas advindas de novas profissões só tende a aumentar com o crescimento industrial de nosso país e sua busca por independência tecnológica. Entretanto para responder a tanta procura por profissionais altamente qualificados é preciso pensar uma mudança no sistema de ensino superior do Brasil, uma vez que a grande maioria das universidades ainda foca muito em teoria e pouco na prática e aplicação do aprendizado do que é aprendido em sala de aula.

Quantas vezes ao estudar uma disciplina pensamos o porquê estamos “perdendo” tempo com aquela matéria. Na verdade esse pensamento vem de uma sociedade tecnocrata, acostumada a atender demandas imediatas da indústria, qual demandem menor tempo dedicado em sala de aula e disponibilidade imediata para o trabalho técnico. Nessa contradição existe lado positivo e negativo das duas atitudes do mercado. Ou seja, a universidade não está totalmente certa dispendendo sua maior carga horária de ensino em teoria em sala de aula e nem o ensino técnico atende uma estabilidade profissional aos que exclusivamente se dedica a aprender profissões instrumentais. Ambas as aplicações, teórica e técnica, são importantes e necessárias, mas sozinha nenhuma funciona em sua total eficiência e resultados, principalmente para as pessoas que pensam estar garantidos ao se dedicar a alguma delas.

Um curso de nível superior ensina a pessoa a pensar, analisar, questionar e a aprender e desenvolver sozinho, capacitando-o para viver os imprevistos da vida com soluções inovadoras e versatilidade, utilizando o conhecimento adquirido na universidade nas diversas frentes de trabalho oferecidas pelo diploma que conquistou e até outras mais, com as quais não tenha relação direta, mas apresente afinidade por demandar profissionais capazes de criar soluções e modelos de trabalho ou projetos e sua respectiva realização. Ou seja, o ensino superior “liberta” a pessoal para ser o profissional que desejar o necessitar ser em cada fase de sua vida, capacitando-o a moldar-se de acordo com cada cenário. Já no caso do ensino técnico isso não ocorre já que o principal nesse tipo de curso é aprender a técnica para executá-la e não para cria-la ou desenvolvê-la. Por isso muitas pessoas após passar pelo ensino técnico em seguida buscam um curso superior para completar a formação e fazer de si um profissional completo, capaz de criar e não só copiar procedimentos ou executá-los sem questioná-los.

Na verdade no Brasil o ensino superior de profissões mais técnicas como engenharia, carece de uma prática semelhante a existente nos cursos técnicos de mecânica do SENAI, onde a maior parte das aulas se dá nas oficinas. Não quero dizer que os futuros engenheiros devem virar técnicos ou vice-versa, claro que não. O que estou tentando demonstrar é que as universidades devem preparar seus alunos para o que vão enfrentar no dia-a-dia das empresas e como são os ambientes que virão a frequentar nas instituições que os empregarão e como deverão se portar em cada situação, apresentando as técnicas e práticas da rotina nas organizações. Não quer dizer que você deve dominar uma sequência de trabalho de determinada indústria, se trata sim de conhecer a realidade fora da teoria, já que esta é importante para nos fazer pensar e melhorar processos e soluções; quer dizer sim que sem conhecimento do que existe e se exige hoje e como funciona fica difícil evoluir a um nível superior ao já existente.

Por isso muitas pessoas saem da universidade acreditando que alcançarão o céu com o diploma, mas muitas vezes ao se deparar com os anúncios de vagas de emprego, percebem que só a formação universitária não é o suficiente para galgar o sonho da tão sonhada independência. Começam a perceber que existem preparos paralelos que complementam sua formação acadêmica e que são igualmente demandados pelas organizações. Estou falando de cursos de software diversos, de técnicas e habilidades, e claro, de idiomas. Na verdade hoje em dia as universidades deveriam pesquisar o que o mercado de trabalho exige dos profissionais e incrementar os currículos acadêmicos com as qualificações adicionais sempre exigidas pelo mercado, e assim, fazer por merecer os altos custos que, em geral, temos com o ensino superior, seja ele particular ou público.

Para não ficar fora da realidade do que o mercado de trabalho exigirá de você quando estiver com o canudo em mãos, o ideal é você começar a fazer estágios o mais cedo possível, e atuando em todas as áreas nas empresas, mesmo as que você não gosta, isso vai ajudar-lhe a ter uma visão do todo e pensar a organização como um sistema e como suas decisões dentro dela impactarão o restante do sistema. Tal atitude proativa também colabora para um crescimento profissional e no futuro ao alcance de posições de chefia na empresa atual ou em outras onde vá aplicar os conhecimentos adquiridos. Então não espere o curso acabar para começar a “aprender” a trabalhar em sua área de estudo, isso irá agilizar sua acessão e solidez profissional.


    6 replies to "Nós Estamos Preparados para o Mercado de Trabalho?"

    • Roni Peterson

      Aliar pratica a teoria deveria ser processo natural das coisas mas nem sempre é, a minha universidade tem como ‘vocação’ como diz uns professores lá, de formar futuros pesquisadores, ou seja, ha pessoas lá que chegam nos ultimos periodos sem ao menos ter tido uma experiência com os labs, pois é dado muitissima enfase na questoes teoricas, do que praticas. Pra mim uma pena,e a empresa que mais ‘contrata’ estagiarios do meu curso na região,em sua maioria os trata como arquivistas. Dae ao sair da universidade por vezes não se entende a realidade das coisas. Eu tive a oportunidade de praticar bastante qdo fiquei nos labs, mas não e todo mundo q consegue ver a teoria e a pratica aliadas.E enteder sua futura profissão

      • Gustavo Luiz

        Fala Roni, concordo plenamente
        acredito que até a parte prática ser mais importante que teórica para engenharia…
        Ocorre o mesmo problema aqui em minha Universidade. Para os professores serem contratados eles precisam ter doutorado, parece ser um máximo professores altamente capacitados, porém sem nenhuma experiência de mercado de trabalho.
        Sabem muito de teoria, mas na prática não viram nada, pois nunca trabalharam… Assim as aulas ficam baseadas em teorias e mais teorias ficando bastante cansativo. O que acaba muitas vezes desestimulando os alunos com as matérias e até com o curso que escolheram.
        Aí quando chegam no estágio ficam admirados com o que viram por lá não tem nada a ver com a facul…
        Pelo menos é isso que está acontecendo por aqui..
        Abraço

    • Rafael Vegas

      Gustavo, boa noite!

      Primeiramente gostaria de parabenizar o trabalho realizado, tenho a certeza que o conteúdo postado aqui está sendo de grande valia para estudantes e profissionais da área.

      Nós Estamos Preparados para o Mercado de Trabalho? Me deparei com essa pergunta algumas vezes ao longo dos 7 anos que trabalho na área de engenharia elétrica. Minha percepção sobre os profissionais que estão entrando no mercado de trabalho é que falta o que chamo de complemento a formação acadêmica. O mercado de hoje é completamente diferente do mercado de 20 anos atrás, possuir um diploma de nível superior é apenas um dos muitos requisitos para entrar em uma boa empresa. Falando em específico do profissional de engenharia, esse precisa conhecer também sobre gestão de negócios, gestão de projetos, gestão de pessoas, precisa conhecer e dominar outro idioma e não bastando tudo isso precisa conhecer ferramentas de gestão/projetos como excel, powerpoint, autocad, Project, dentre outros. O papel do engenheiro no mercado de trabalho em grande parte é de gestão, gerir equipes e recursos. Sem dúvida não é fácil ser o “pacote completo”, contudo quanto mais próximo chegar disso, melhor será sua colocação no mercado de trabalho.

      Grande abraço

      • Gustavo Luiz

        Olá Rafael, tudo bem?

        Muito obrigado pelo comentário!!!
        Gosto muito de ouvir experiências de outras pessoas. Acho que é o jeito mais fácil para aprender.
        E o blog foi criado com essa intenção para trazer essa troca de experiências e conhecimentos
        entre o pessoal da engenharia.
        Muito bom ouvir essas dicas! Sempre que puder dar uma passada por aqui e nos contar mais sobre
        suas experiências e passar suas dicas para quem está começando será bem vindo!
        Grande Abraço

    • Gustavo Cardoso

      Olá pessoas,
      Quero agradecer pelo blog.
      Venho a procura de informações sobre um ENGENHEIRO pois iniciei meu curso de engenharia e escolhi a engenharia por ter facilidade com cálculos e também por que quero um salário alto fora que a procura pelo engenheiro e grande, enfim
      Gostaria de saber muitas coisas sobre o engenheiro e vejo que na UNIVERSIDADE não é possível pois estou no 3º semestre e tenho apenas 1 professor formado em engenharia, os outros são físicos que só passa teorias.
      Estou a procura de um estagio queria saber se vocês podem me indicar algum ?.
      Muito Obrigado

    • Edson Shigueaki Yabuuti

      Tem que ter flexibilidade mesmo. A faculdade não faz o engenheiro, ou seja, a faculdade não faz o aluno e sim o aluno faz a faculdade. O engenheiro é você que tem curiosidade para aperfeiçoar. Sempre que mudei de emprego aprendi novas coisas. Se tem professor que é doutor e não tem “experiência” não devemos menosprezar. Devemos também absorver tudo o que ele tem para contribuir no seu crescimento, no crescimento do capital intelectual.

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